segunda-feira, 30 de julho de 2007

Adolescência as Drogas e o Alcool


A dependência de substâncias psicoactivas (adictivas) consiste na adicção ao álcool e ou outras drogas lícitas e/ou ilicitas. È uma doença progressiva, primaria e se o processo destrutivo não for interrompido pode ser fatal.
Algumas diferenças sobre a dependência de químicos/alcool nos adolescentes e nos adultos:
- A dependência nos adolescentes é algo mais complexo.
- Competências insuficientes (experiência de vida) em lidar com a adversidade.
- A dependência química envolve a relação com os pais.
- O desenvolvimento ainda se encontra em transição (neurológico/físico/psicológico)
- Maturação sexual
- Período da frustração / raiva

Factores que podem contribuir para a adicção na adolescência:
- Insuficiente desenvolvimento espiritual ( valores e crenças)
- Saúde mental débil
- Sociedade que reforça e encoraja o uso de drogas lícitas, álcool e tabaco (publicidade)
- Curiosidade e ou fazer experiências com drogas
- Uso de substancias psicoactivas/ Abuso de substancias psicoactivas/ Adicção /Dependência

Algumas características encontradas em adolescentes adictos:
Abuso de nicotina e historial familiar com dependência de substâncias psicoactivas/alcoólico

Inexistência de um paralelo evidente para o desenvolvimento da adicção:
- Idade em que consome pela primeira vez
- Família disfuncional vs. família estruturada
- Inteligência (Q.I.)

Características da personalidade
- Desenvolvimento social e maturidade emocional demorada,
- Aparente resistência no desenvolvimento do superego/consciência,
- Tendência para o narcisismo,
- Baixa de auto estima,
- Fraca percepção e falta de autocrítica em comportamentos de risco (testar limites) e consequências negativas,
- Estados de humor instáveis, frequentemente identificados como depressão,
- Incapacidade de lidar com a realidade (ainda não está claro o porquê , mas parece que aqueles que usam drogas psicadélicas (alucinogénicas) já eram adolescentes instáveis antes do uso destas substancias.
- Paranóia e inadaptação sexual
- Capacidade de aprendizagem inadaptada (talentos e habilidades pessoais, insucesso escolar) e uso de químicos: muito comum
Desenvolvimento da maturidade e da autonomia

O uso de substâncias psicoativas/alcool afectam o processo :
1. Alterações físicas
2. Auto-conhecimento; modifica do concreto para o abstracto
3. Relacionamento entre pares
4. Relacionamento heterossexual
5. Autonomia dos pais
6. Identidade do “papel” sexual
7. Valores morais
8. Carreira profissional
Os adolescentes são portadores dos rituais, dos valores, da dinâmicas e do historial familiar.
Será que a família do dependente substâncias psicoactivas revela características negativas? Comportamento destrutivo? Conflitos?

Algumas características de uma família estruturada (saudável):
A família saudável comunica e ouve.
A família saudável reforça o positivo e apoia-se uns aos outros.
A família saudável ensina o respeito pelos outros.
A família saudável desenvolve o sentido de confiança.
A família saudável tem sentido de humor.
A família saudável partilha o sentido de responsabilidade entre todos.
A família saudável ensina o certo e o errado.
A família saudável tem rituais e tradições.
A família saudável é equilibrada na interacção entre os seus membros.
A família saudável desenvolve uma crença religiosa e/ou espiritual (não religioso, ausência de dogma e divindades).
A família saudável respeita a privacidade dos outros.
A família saudável valoriza o serviço para a comunidade.
A família saudável partilha as refeições e valoriza a comunicação entre os seus membros.
A família saudável partilha o tempo livre entre os seus membros.
Admite e procura ajudar nos problemas.

Aquilo que as famílias vêem nos jovens antes de admitirem que existe um problema de abuso/dependencia de substâncias psicoactivas / álcool.
1. Alteração da comportamentos na escola (absentismo)
2. Mudança súbita no padrão social
3. Secretismo sobre as amizades e as actividades
4. Alteração nas relações familiares
5. Alteração reconhecida na personalidade (atitudes e comportamentos)
6. Deterioração na aparência física
7. Problemas com a lei
Estilo de vida centrado no uso de drogas lícitas, incluindo o álcool e as drogas ilícitas.
Como reconhecer quando um adolescente é dependente? Observar o padrão de comportamentos em relação aquilo que é dito sobre as questões importantes na sua vida.

Assuntos básicos num adolescente "normal":Conquistar a independência no seio familiar,
Aceitação dos seus pares e definição de limites,
Amor e sexo,
Talentos e habilidades pessoais; trabalho e sentido de humor,
Formação de valores e moralidade,

Assuntos básicos num dependente substâncias psicoactivas /alcool:Ficar “pedrado”,
Manter o seu “stock” de drogas e ou alcool,
Aceitação dos seus pares,
Não ser “apanhado”,
Manter as pessoas, familiares e ou pessoas significativas, longe do seu problema


O adolescente que atravessa o seu processo de desenvolvimento saudavel deve estar sóbrio. O processo de crescimento mais lento naqueles que apresentam uma predisposição para se tornarem adictos. Um adolescente com 18 anos que normalmente usa substancias psicoactivas, desde os 13, apresenta um padrão de pensamento e emocional de um adolescente de 13 ou 14 anos. Estudos recentes revelam que aqueles indivíduos que consomem haxixe ou outros cannabinoides, ao longo da vida, apresentam alterações na estrutura do seu cérebro. Isto é, se compararmos o cérebro de um consumidor de cannabinoides com o cérebro de um individuo não consumidor, o cérebro do consumidor revela algumas diferenças ao nível do seu desenvolvimento e funcionamento.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

A Prevenção da Violência


A dificuldade quanto a implementar um sistema efectivo, na prevenção da violência, é definir um limite (politica) – estabelecer uma linha clara e consensual. Isto significa identificar o ponto (comportamento construtivo vs. comportamento problemático) da violência em que é necessário agir e avançar com um plano em acção de forma a eliminar o comportamento problema. Todavia determinar essa linha (ponto) não é tarefa fácil.

Dependendo da forma como a violência é manifestada, actos de violência podem dividir-se em duas categorias primárias: física e verbal. Por exemplo; uma rapariga, que cerra os dentes, arregala os olhos e começa a berrar com o dedo indicador, em riste, intimidando um colega de turma estará a praticar um acto de violência? E se ela atacar um colega com uma faca? Certamente, estes dois cenários, diferem no grau de gravidade, mas classificar violento o uso de uma faca e uma atitude com gestos intimidadores um acto não violento, será sempre um equivoco quanto à interpretação da natureza da violência.

È verdade, quando afirmamos que a maioria dos casos de manifestações de violência não são de natureza física. De qualquer maneira, é completamente impossível eliminar a violência física enquanto se tolerar o abuso da violência verbal.

A violência verbal pode revelar-se em expressões de raiva, aversão e ódio, através de palavras, gestos, linguagem corporal e comportamentos sociais que são desrespeitadores, intimidadores, humilhantes. Uma critica destrutiva, boatos maliciosos, olhar intimidador, simular com um gesto que se magoa ou se mata alguém são todos formas de violência porque são uma transgressão; uma violação evidente e enérgica para com a outra pessoa com a intenção clara em magoar ou insinuar o medo.

Por vezes, a violência física enquanto expressão mais facilmente identificada, pode ser mais dificilmente de detectada. Esmurrar alguém, é sem duvida alguma uma expressão de violência. E o mero toque físico? Em todo o caso, a coisa mais importante a reter nestas situações é conseguir discernir, se um/a jovem que provoca o contacto físico pretende impor qualquer coisa ou forçar alguém. Se a/o jovem for tocado contra a sua vontade o acto pode ser considerado demolidor e desrespeitador dos seus direitos como individuo.

Negligenciar intencionalmente alguém ou a sua propriedade é considerado uma manifestação de violência. Por exemplo, o individuo sabendo que é portador de uma doença que contagia outra pessoa ou um adolescente que provoca um colega de turma atirando para o chão os livros da escola; ambos cometeram um acto de violência.

Enquanto o tipo de violência verbal é muito mais frequente que o tipo violência físico, é mais difícil de provocar uma reacção enérgica na outra pessoa, queixando-se de uma maneira clara e especifica, porque esta forma de violência pode ser feita de maneiras muito subtis. Um olhar sarcástico e ou intimidador, um empurrão em alguém numa sala cheia de pessoas, desconversar, humilhar, cortar a palavra a alguém que fala são tudo formas de violência que são muitas vezes toleradas ou que simplesmente as pessoas não a identificam como tal.

De preferencia, ao procurar traçar a linha entre expressões de raiva violentas e não violentas devem ser conseguidas num ambiente seguro e seguindo uma abordagem baseada no raciocínio lógico e compreensivo. Actuando com base na prevenção, evitando assim a ocorrência de qualquer manifestação de violência. Na realidade, só se consegue traçar essa linha, no início de um tipo de comportamento violento, depois de ter sido identificado. A partir desse momento existe um dilema em se conseguir um numero razoável de pessoas que estejam de acordo quanto ao tipo de comportamento que é aceitável e qual o tipo de comportamento que não é aceitável e que é necessário modificar.

Todas estas questões são conclusivas quanto à questão central de se procurar delinear limites (linha) sobre os vários tipos de violência. È de facto um desafio. È importante que esta linha seja identificada de forma a que se consiga implementar programas de prevenção de qualquer tipo de violência, por exemplo, no meio escolar.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Comportamentos de Risco e Agir na Prevenção


Por vezes são as pequenas coisas, simples, na relação que nós, adultos temos com os jovens, que podem fazer a diferença. Sabemos que essa diferença pode parecer curta e /ou insignificante. Como pais ou profissionais a informação que obtemos dos jovens têm a importancia que nós lhe damos, mas se nos mantivermos atentos (escutar a mensagem) e seguir a nossa intuição acredito que podemos estar à altura dos desafios que implica educar, bem como dos recursos que dispomos.

“O meu nome é Bob Laipply e fui o Director de Projecto de Prevenção, no meu distrito durante dois anos. Antes estive envolvido no ensino durante 28 anos no secundário.(...) Há muitos anos, estive envolvido num projecto que abrangia comportamentos de risco em jovens. Um dia um aluno veio ter comigo e contou-me que um dos seus amigos andava a beber imenso durante o terceiro período. Por acaso, o miúdo que andava a beber em excesso era filho de um amigo meu. Imediatamente fui ter com o rapaz de forma a ajuda-lo e juntos encontrarmos uma solução para os seus comportamentos problemáticos. Após a conversa, o rapaz, assumiu o problema e prometeu que ia acabar definitivamente com o problema da bebida, agradeceu o meu apoio e disse para não me preocupar mais com ele, mas pediu que eu não falasse com o seu pai sobre aquele assunto. Dois meses mais tarde, fui ao seu funeral por ter bebido e teve um acidente fatal no seu carro, tive que olhar o seu pai nos olhos, também meu amigo, e lamentar o sucedido. Recordo de o meu amigo me ter dito “Se soubesse, podia ter impedi-lo de sair naquela noite”
Decidi fazer uma promessa a mim mesmo, que a partir daquele momento nunca mais manteria aquele tipo de informação para mim próprio. Quando surge algum tipo de informação semelhante na minha interacção com jovens, procuro confirmar a veracidade daquilo que me foi dito, e depois informo os pais. Conto-lhes o que ouvi dos seus filhos e disponho-me a ajudar. Já aconteceu ouvir comentários do tipo “ O quê?! Isso é impossível... O meu filho não faz esse tipo de coisas. Meta-se na sua vida” e outras coisas que não posso mencionar. Contudo, mesmo assim, e depois de ainda continuar a ouvir este tipo de comentários não permaneço em silencio. A vida de uma criança é demasiadamente preciosa e o risco sério que espreita os seus comportamentos são demasiado serios.
Já discuti em conjunto com os meus próprios filhos sobre as possíveis consequências negativas de não se contar as coisas (serias) aos pais vs. o potencial risco de manterem em segredo. Eles sabem perfeitamente de que se eu soubesse algo sobre a vida deles iria agir, em vez de ignorar. Por vezes na vida é preferível perder um amigo, em vez de o ver desaparecer para sempre. Este tipo de situações não são nada fáceis de gerir, mas no meu caso prefiro que um amigo fique com raiva de mim, do que saber que ele morreu.”
Bob Laipply
Coordenador de Projectos de Prevenção

domingo, 22 de julho de 2007

Os(as) adolescentes e os(as) amigos(as)


“Os amigos são extremamente importantes para os (as) adolescentes porque falam a mesma linguagem e porque têm os mesmos gostos e interesses afins.
Sobretudo na fase inicial da adolescência, os jovens e as jovens procuram usar o estilo de roupa e os cortes de cabelo dos amigos e amigas do grupo com quem mais se identificam. As roupas passam a fazer parte da linguagem corporal. A imagem corporal também é um fenómeno social. O corpo tem sentimentos, emoções ou, antes, é através dele que manifestamos ao(s) outro (s) e que damos a conhecer a nossa personalidade. A aparência é especialmente importante nestas idades.
O que é sinal de superficialidade para os pais e mães é sinal de segurança para os (as) filhos (as), pois o que estes sentem é uma grande necessidade de aceitação pelo grupo. No grupo sentem-se felizes e seguros porque, ao serem integrados, reforçam a sua auto-estima porque foram aceites.
È o sentimento de pertença (...) que teve o seu inicio na família.
No grupo existe geralmente um líder por quem se sente admiração. E também existem regras que não são as do mundo dos adultos.
Na grande maioria dos grupos, os jovens aceitam as suas regras de uma maneira acrítica, o que não causa grande estranheza se observarmos que a sua segurança é ganha á custa de ter comportamentos semelhantes e não diferentes dos outros.
Sabe-se hoje que há determinadas características dos jovens que lhes granjeiam popularidade e grande aceitação no grupo - vivacidade, boa disposição, humor, aspecto atraente, entre outras.
Há, por outro lado, jovens que têm grande dificuldade em fazer amigos porque são tímidos (as), diferentes dos seus pares ou porque não têm uma imagem considerada atraente.
È necessário que pais e professores saibam quão importante é, para os jovens, ter amigos. Ajudá-los nessa tarefa é um contributo fundamental para o seu processo de socialização.”
Texto retirado “Educação Sexual – contextos de sexualidade e adolescência” das autoras Maria Manuela Pereira e Filomena Freitas, edições ASA

terça-feira, 17 de julho de 2007

Como posso avisar/ajudar o meu amigo/a de que ele tem um problema com a bebida e ou com drogas?


Por vezes, é duro e difícil dizer alguma coisa sobre este assunto tão pessoal. Normalmente, a maioria dos jovens não vai ter com um amigo ou alguém de família para pedir ajuda. De facto, o teu amigo/a ira fazer tudo aquilo que esteja ao seu alcance para negar ou esconder o problema. Contudo, existem alguns sinais que podes observar no seu comportamento. Normalmente, pessoas com sérios problemas de abuso de substancias utilizam expressões tais como: “Eu consigo parar de beber e ou usar drogas quando quiser, é só eu querer...” – na realidade, as coisas não são nada assim; não conseguem fazer aquilo que dizem e que querem. São pessoas com quem até se pode conviver e conversar, mas depois de ficarem pedrados, mudam completamente os seus comportamentos – na maioria das vezes, agem como uns idiotas e envolvem-se em lutas. Ainda não se consegue perceber quanto à razão pela qual as pessoas se envolvem em problemas com drogas e ou álcool. De qualquer maneira, existem alguns sinais que podemos constatar quando as substancias começam a controlar as vidas dessas pessoas. Quando na realidade o teu amigo precisar de ajuda surgem alguns sinais que são facilmente identificados, outros não, mas se observares com atenção, esses sinais surgem com frequência, uns atrás dos outros.
Se o teu amigo tem um ou mais destes sinais de aviso, ele ou ela poderá ter um problema com drogas e ou álcool:
Embebedar-se ou ficar pedrado no dia-a-dia.
Mentir sobre coisas do seu dia-a-dia, ou acerca de quanto e como usa drogas e ou álcool.
Evitar-te, para assim ficar pedrado e ou bêbado.
Deixar actividades que normalmente praticava, tais como, desporto, trabalho de casa ou evitar os amigos que não consomem drogas e ou bebidas alcoólicas.
Fazer planos para ir usar. Por exemplo; a meio da semana, começar a dizer que vai usar drogas ou consumir bebidas alcoólicas no próximo fim de semana, esconder bebidas alcoólicas, usar drogas ou beber bebidas alcoólicas sozinho.
Ter que beber ou consumir cada vez mais para ficar bêbado ou pedrado.
Afirmar com convicção que só é possível divertir-se e gozar a sério se beber ou usar drogas.
Ressacas frequentes.
Pressionar ou tentar convencer os outros colegas ou amigos para usar drogas ou beber bebidas alcoólicas.
Tomar riscos. Por exemplo; riscos relacionados com o sexo. Fazer sexo sem preservativo ou tomar as devidas precauções.
Esquecer o que fez na tarde ou na noite anterior, durante um período em que usaram drogas ou bebidas alcoólicas. (se dizeres ao teu amigo/a o que aconteceu, ele ou ela poderá querer lembrar-se ou rir, como se não fosse um problema).
Sentir-se deprimido, sem esperança, angustiado e ou com pensamentos suicidas .
Tornar-se numa pessoa egoísta e não se preocupar com as outras pessoas.
Falar constantemente sobre beber como consumir bebidas alcoólicas ou sobre o uso de drogas.
Envolver-se em problemas com a lei.
Conduzir de mota/automovel sob o efeito de drogas ou álcool.
Ser suspenso da escola por problemas relacionados com drogas e ou álcool.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

A impotencia na familia


Segundo, o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência os cálculos de prevalência do consumo problemático de drogas, em Portugal, situam-se entre os 2 a 10 casos por cada 1000 habitantes com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos. Somos 10.329.300 milhões de habitantes segundo dados da Eurostat.

Podemos afirmar, que nos dias de hoje uma grande maioria das pessoas, já passou por uma experiência dolorosa, de uma forma directa ou indirecta, com casos de entes queridos, que sofreram ou continuam a sofrer deste flagelo social (adicção/doença). É sobre a família que gostaria de deixar aqui algumas reflexões. È a outra perspectiva deste flagelo/doença de quem sofre em silencio.

Quando um problema desta natureza "invade" uma casa de família, a maioria dos seus membros não está preparado para lidar e encarar com este problema de frente. Senão vejamos, no dia a dia, quando se discute sobre este tipo de problemas com amigos ou familiares temos a tendência para identificar os problemas que existem nas casas dos outros. Os problemas dos outros são mais graves se comparados com os nossos. Lembro-me de uma mãe, que dizia “… nunca quis acreditar que o meu filho tinha um problema grave. Como ele não roubava na rua, não arrumava carros, não se injectava e até trabalhava, achava que o problema dele não era assim tão grave. Até ao dia que recebi um telefonema do hospital a informar-me que ele tinha tido uma overdose. Fiquei desesperada.” E a seguir? Imediatamente, procuramos um culpado. “O que é que fiz de errado…?” “ Sou eu o culpado/a por isto ter acontecido.”
Se encontrarmos um culpado significa que encontraremos uma solução? Na minha experiência, a resposta é não. Questão que coloco é - "Culpamos para quê?"

O que é que acontece à estrutura familiar quando um dos seus membros, ou mais, abusam ou se tornam dependentes de drogas? De inicio, a família tenta evitar o problema, mais tarde, tenta eliminar o problema, depois surge a desorganização familiar. Sabemos que todas as atenções ficam centradas no individuo/os (doente) sem que a família se aperceba das consequências negativas deste tipo de abordagem. A estrutura familiar sofre um colapso e na maioria das situações, geram-se crises imprevisíveis entre o seus membros. Por ex. discussões, onde predominam a violência verbal e ou física, mentiras, roubos, um telefonema do hospital por causa de um acidente ou da policia por conduzir sob o efeito de alcool e/ou drogas, para mencionar apenas alguns casos.

Aprende-se a não falar, a não sentir e a não confiar – adopta-se a regra do silencio. Esta regra é um mecanismo que funciona como um “amortecedor” das emoções dolorosas. Vive-se estas emoções onde se aprende a reprimir e a “fugir” aos sentimentos dolorosos, acabando, assim, por negar a verdadeira dimensão do problema. Por ex. a mãe que protege o filho do embaraço e confronto “publico” facilitando e encobrindo comportamentos disfuncionais (doentes) que mais tarde se vai arrepender. “O que é que estou a fazer?.” Com altos níveis de ansiedade antecipa-se todo e qualquer tipo de problemas. Procura-se também um “bode expiatório” dentro da família que até pode ser alguém que não seja consumidor de drogas. Deprimidos e sem esperança, os familiares identificam-se no papel de vitimas na nossa sociedade, “Porquê a mim?…” “Só me acontece estas coisas a mim.” ou “Eu mereço isto…” “É um castigo…” “Não sou bom pai, não sou boa mãe, não sou bom marido, não sou boa mulher, não sou boa irmã/o. Em muitos destes casos as crianças são negligenciadas. Elas também aprendem a regra do silencio; não sentir, não falar e a não confiar, mesmo dentro da família.
O que fazer quando “agarrado a esta teia” sofrendo com a impotência e com a perda de controle? Eis alguns passos que pode dar.
è importante elaborar um plano de acção na família e no doente com a juda de profissionais com experiencia. Você não consegue controlar os comportamentos dos outros, bem como os consumos de drogas. Assuma a responsabilidade pelo seu próprio comportamento e pela impotência.
Procure mudar os “velhos” hábitos e comportamentos disfuncionais da parte da família em relação ao doente. Sabemos que a mudança é um processo que pode ser lento. Concentre-se no progresso em vez da perfeição (os resultados imediatos podem tardar). Pare de procurar culpados. Interiorize os 3 C´s. 1º C ) não é a família que causa a toxicodependência, 2º C) Não se pode controlar o comportamento dos outros nem o consumo de substancias e 3º C) não podemos curar o toxicodependente. Lembre-se, não existem culpados, ninguém é culpado.

Procure desligar-se emocionalmente do problema do doente, procure apoio dentro e fora da família, principalmente pessoas em quem confia. Se não encontra ninguém próximo trate de encontrar o mais rápido possível. Aprenda a dizer não, sem se sentir culpado. Defina limites e regras de comportamento dentro de casa, caso estas regras sejam desrespeitadas, isso implica consequências. Mais uma vez, não esteja sozinha/o neste plano, poderá soar a algo avassalador e intimidador. Tenha fé e esperança que mesmo com um membro da família doente, a vida não deixará de ser uma oportunidade de crescimento, de aprendizagem procurando assim, ajustar-se à realidade. Isto é mais vantajoso para a família e para cada membro individualmente, do que viver numa fantasia e em negação. Considere um tratamento para o doente. Pode ser um ponto de partida para um novo modo de vida.
A toxicodependência é uma doença de comportamentos e é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, por isso, necessita de ser tratada tal, sem castigar e ou punir.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Prevenção para a Vida


A escola pode servir como mediadora e intermediária na abordagem e na discussão desta temática das dependências entre pais, alunos e professores. Os vértices deste triângulo necessitam de cooperar e reunir esforços, experiências e competências (multidisciplinaridade) nesta luta.
Só um presença continuada e consistente de programas de prevenção podem valorizar atitudes e comportamentos que reforcem os factores protectores ( no individuo, na escola, no grupo de pares, na família e na nossa sociedade).

Considero que os nosso jovens e a nossa sociedade, em geral, beneficiariam se estas estratégias de prevenção se iniciassem nos primeiros anos de vida e se prolongassem por toda a vida. Este tipo de abordagem contemplava todos os estágios do desenvolvimento humano. O objectivo central seria implementar e desenvolver uma cultura onde prevalecem valores e princípios morais, espirituais e éticos geradores de um maior enriquecimento e realização pessoal. É indispensável uma nova estratégia na responsabilidade do relacionamento e da articulação da escola, da comunidade educativa, dos nossos serviços públicos. Criar novos meios de informação e apoio aos pais e novos conteúdos adaptados na formação dos educadores.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Definir uma estrategia e criar um compromisso


Quanto às estrategias de prevenção nas escolas, no meu contacto com algumas unidades de ensino, a grande maioria, aparenta estar a atravessar um período de instabilidade e desorientação quanto à forma como abordam e informam os seus alunos, pessoal docente e não docente sobre esta matéria. Na minha opinião, a oferta e o acesso as substâncias atingiram níveis preocupantes. Não quero com isto afirmar que todos os jovens consomem drogas, mas aqueles que decidem fazê-lo não precisam um grande esforço para as obter. Acho que a maioria das estratégias de prevenção nas escolas são generalizadas e insuficientes. Sabendo nós que a escola é um local priveligiado e um "palco" de representações torna-se urgente criar condições a implementar estrategias, claras e realistas.

O acesso a drogas ilegais é efectuado através do grupo de pares, na escola, nas zonas residências, nas férias, em casa de famílias, nas festas, etc. Qualquer sítio que possamos imaginar. É entre irmãos, entre colegas de escola, entre familiares e amigos. Recordo-me de pais preocupados em que a sua principal fonte do problema são os amigos (amizades) do seu filho/a. De que estes é que são os responsáveis pelos problemas. Esta afirmação é meia verdade não é contudo, a causa dos comportamentos problematicos. É importante educar os nossos filhos a escolher os amigos, isto significa na prática, ensinar conceitos de amizade, lealdade, respeito e empatia nas relações entre pessoas. Como sabemos, parte desta aprendizagem é feita em casa, onde eles observam as dinâmicas existentes dentro da família.Por outro lado, é muito difícil para quem não esteja familiarizado com esta matéria conseguir identificar sintomas e sinais de alguém que esteja sob o efeito de drogas, isto porque, existem drogas, por exemplo o haxixe, cujo sintomas de consumo passam despercebido ao observador comum.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Os pais receiam abordar e debater o uso de drogas com os seus filhos


Os pais receiam abordar e debater o uso de drogas com os seus filhos.
Segundo, White House Office of National Drug Control Policy (ONDCP) é importante na educação dos filhos, os pais se concentrarem nas competências da comunicação e monitorizar as suas actividades, especialmente na fase da pre-adolescencia e adolescência. Um recente inquérito publico, nos EUA, revela que a maioria dos pais encontra dificuldades em abordar e discutir sobre assuntos e preocupações intimas dos seus filhos adolescentes, especialmente o uso de drogas. De acordo com um estudo da VitalSmarts ( http://www.vitalsmarts.com/ ), revela que a maioria dos pais sente-se desconfortável em falar com os seus filhos sobre os assuntos do dia-a-dia.

Nesse estudo, alguns dos pais (52 %) admite que se questiona, com alguma dificuldade em abordar, principalmente, os assuntos difíceis. Mais preocupante se revela, no mesmo estudo, quando os pais sabem que hoje em dia, as drogas fazem parte do dia-a-dia (directa ou indirectamente) da maioria dos adolescentes.

Mais de metade dos pais (56 %) inquiridos neste inquérito revela que os seus filhos vão a festas onde as drogas estão disponíveis e perto de metade (48%) acredita que os seus filhos têm amigos que usam drogas. Apesar disto alguns pais nada fazem para modificar esta situação.

Segundo, John P. Walters, Director of National Drug Control Policy, “Este inquérito revela uma tendência evidente e preocupante que se estabelece na relação entre pais e filhos. Demasiados pais evitam falar com os seus filhos sobre assuntos difíceis, atitudes e comportamentos preocupantes e/ou problemáticas, porque receiam afectar negativamente o relacionamento com os seus filhos. É importante para os pais serem coerentes com as suas responsabilidades e definir regras claras contra o uso de drogas."
Também Joseph Grenny, co-fundador da Vital Smarts e autor do livro “ Crucial Conversations: Tools for Talking When Stakes are High” declara, “ Não parece existir um assunto mais apropriado para os pais conversarem com os seus filhos do que, por ex. o uso de drogas. A maioria dos pais parece sentir-se totalmente inadequado sobre esta matéria, assim sendo, assumem uma atitude complacente e negligente sobre esta matéria. A nossa investigação revela boas noticias para a maioria dos pais; descobrimos que a diferença entre o sucesso e o falhanço na abordagem deste assunto crucial reside na aprendizagem de novas competências e aquisição poderosas habilidades na comunicação. A maioria dos pais sentem que devem escolher a paz, a qualquer custo, a adoptarem uma atitude disciplinada, coerente e realista, mas isto não é o mais eficaz.”

Artigo retirado da revista Counselor (Magazine for Addiction Professionals)