quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Mais vale prevenir do que remediar


Este post faz parte de um email enviado à Deco no seguimento de uma noticia de um jornal que referia a existência de associações de consumidores na Europa que estão a desenvolver campanhas que visam reduzir alguns produtos de elevado conteúdo de açúcar, álcool ou gorduras. O meu especial interesse é direccionado para o álcool, à publicidade e a técnicas agressivas de marketing visto em Portugal existir negligência por parte das autoridades competentes, da ordem dos médicos, ordem dos advogados, tribunais e sociedade em geral quanto às medidas preventivas junto da industria do álcool. A vida das crianças está acima dos lucros e dos interesses das empresas.  
Venho por este meio agradecer a resposta da Deco e aproveito para enaltecer o seu trabalho junto dos consumidores portugueses.


Assunto: Estudo sobre a publicidade ao álcool e os jovens

Exmos. Srs. 
Venho por este meio solicitar o seguinte. Sou vosso associado e um profissional que trabalha na área no tratamento e prevenção das dependências, refiro-me às substâncias psicoactivas lícitas, incluindo o álcool e as ilícitas (comportamentos adictivos).  

Há uns dias um jornal diário fazia referência à seguinte notícia "As agências de publicidade em Portugal não estão muito a par do que se 
está a passar na União Europeia. Muitas associações de consumidores querem reduzir alguns produtos com elevado conteúdo de açúcar, álcool ou gorduras. Em certas categorias de produtos querem eliminar as marcas porque acham que isso vai reduzir o consumo" Anthony Gibson, presidente do grupo Publicis. 

Gostaria de saber se têm conhecimento sobre as referidas associações europeias, e os respectivos contactos, envolvidas neste projecto que visa reduzir os produtos acima referidos (açúcar, álcool e alimentos altamente calóricos). Tenho especial interesse em ao relação ao álcool, visto não existir prevenção junto da sociedade (escolas, famílias, grupo de pares e comunidade) e o meu trabalho coincidir com a prevenção. Também gostaria de saber se a DECO já fez algum estudo sobre o impacto da publicidade e das técnicas agressivas de marketing, associado à Industria do álcool, em especial das cervejeiras, cujo target são os jovens. Caso tenha sido realizado solicitava o referido estudo. Caso não tenha feito, porquê?  

Factos sobre sociedade portuguesa:
Como sabem o alcoolismo é um problema de saúde pública em Portugal. O álcool é uma droga (substância psicoactiva altamente adictiva).  Vivemos numa "cultura que bebe." 

Portugal é o único país da EU em que a idade legal para consumo (e abuso) é a partir dos 16 anos. O lema "Seja responsável beba com moderação" é desactualizado, ineficaz e responsabiliza o indivíduo que consome. Desresponsabiliza a indústria do álcool. O álcool é uma droga que gera dependência (doença crónica).  

Estima-se que existam 800.000 alcoólicos e 1.000.000 bebedores problemáticos. Quantas famílias portuguesas, 
incluindo as crianças, são afectadas pelo alcoolismo, ao longo de varias gerações?  

A mortalidade associada ao álcool estima-se como a 4ª causa de morte  (cirrose hepática, neoplasias das vias respiratórias, do aparelho digestivo superior, colo-rectais, fígado, hipertensão arterial, pancreatite crónica, AVC hemorrágicos)  

A violência doméstica está associada ao álcool. Podemos também acrescentar os acidentes viação, as taxas de suicídio, acidentes de 
trabalho, absentismo laboral e escolar, internamentos em hospitais psiquiátricos.

Os contratos milionários na publicidade ao álcool no desporto (ex.  futebol). A legislação existente em Portugal, é permissiva permitindo assim este fenómeno. O álcool e o desporto não se misturam.  

Qual o impacto económico, associado ao álcool, na sociedade portuguesa?  

De acordo com vários estudos, nos EUA e em Inglaterra, a indústria poderosa e milionária do álcool tem vindo a aperfeiçoar as suas 
técnicas agressivas de marketing direccionadas ao público jovem. Estas 
técnicas de marketing, em Portugal, não são supervisionadas pelas entidades responsáveis. Procuram fidelizar este tipo de target às suas marcas para o resto da vida. Existe uma relação entre a publicidade (marketing) e o consumo (por ex. binge drinking - beber álcool cujo intuito é a intoxicação pelos jovens). Aparentemente, não existe vontade política para alterar o rumo deste tipo actuação negligente.  Isto é, o lucro está acima dos interesses e da saúde dos jovens. A vida das nossas crianças é demasiado valiosa para que possa ser negligenciada 

Desde já convido-os a visitar os meus blogues, em especial o da prevenção das dependências, onde podem encontrar mais informação sobre este assunto.  

Aguardo uma resposta, tão breve quanto possível.  

Atenciosamente 
João Alexandre Rodrigues 
Conselheiro em Comportamentos Adictivos 
Addiction Counselor (Art of Counseling) 

Resposta da Deco
Exmo. Senhor,

Acusamos a recepção do seu e-mail, que agradecemos.

A redução dos teores de vários nutrientes, nomeadamente açúcar, sal e gordura tem sido uma preocupação das diferentes organizações de consumidores, nomeadamente das europeias. No entanto, desconhecemos o projecto específico que refere na sua comunicação e consequentemente quais as associações que estão envolvidas.

O nosso trabalho relacionado com os consumos abusivos do álcool e alcoolismo é um assunto que tem merecido a nossa atenção e sobre o qual temos vindo a desenvolver, já há vários anos, um trabalho a vários níveis:

- Junto dos consumidores, através dos conteúdos nas nossas publicações e no site (artigos em anexo sobre “ Venda de álcool a menores e “Hábitos de consumo de bebidas alcoólicas)
- Junto das autoridades e agentes do mercado, nomeadamente através da nossa participação no Fórum Álcool e Saúde, que decorre do Plano Nacional para a Redução dos Problemas Ligados ao Álcool.

O mesmo se passa em relação à  redução dos teores de açúcares, gorduras e sal. Para além dos vários artigos que temos vindo a publicar sobre estas temáticas e nos quais apelamos sempre para uma redução dos teores destes nutrientes, participamos na “Plataforma contra a obesidade”.


Sem outro assunto de momento,  enviamos os melhores cumprimentos.


Atentamente

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Menos Medicação


Menos Medicação - Mais Amor, Menos Doença: A Esperança da Criança.

“Um infinito ardor
Quase triste os veste,
Semelhante ao sabor
Quen tem à noite o vento leste.
Bailam na doçura amarga
Da tarde brilhante e densa
Tem a morte em si suspensa.”  Sophia de Mello B. Andressen


Foi numa manhã fria, com a neve que rodeava o hospital, fazendo das suas paredes brancas a continuação do nada que se sentia lá fora. Logo de manhã, no hospital de pedopsiquiatria estava a equipa à espera das novas listas de pacientes, sem os conhecermos demos-lhe um rumo. A Maria pertence ao sector da Via Emocional, o Pedro ao sector da Via de Condutas de Comportamento e a João à Via do Neurodesenvolvimento.

Foi-me entregue o João, aquele que eu vou delinear um rumo, mas que não escolheu o seu destino e nunca cheguei a ver a sua cara. No relatório clínico especifica que é muito activo, com problemas de concentração e hostil para com os seus colegas. Parece mais um caso a juntar a muitos outros. Mas quem é ele? Como será a sua cara? Qual è a sua história que nem ele provavelmente pode fazer senso de sonhos perdidos, idealizações que cairam aos pés dele como areia que se escapa por entre os dedos, como foi forçado a não amar aquilo que sente?
Tais questões não são práticas, só possuímos cinco a sete minutos para decidir o que vai acontecer ao João, como, possivelmente, o iremos tratar e uma agenda de 20 minutos para escolher a medicação certa, diz então assim o Pedopsiquiatra.
Decidi ir à escola do João, que tem cinco anos de idade. Falei com a professora e ela disse-me que realmente algo se passa de errado com ele pois é quase ímpossivel de o ter na aula, distrai os alunos, e sai do seu lugar constantemente, distraindo assim, os colegas e é muito difícil de controlar. Agradeci-lhe o seu tempo e pedi para ver o João.

Apresentei-me ao João e perguntei-lhe se queria brincar por um bocado. Ele perguntou-me “Brincar? Porquê?” eu respondi-lhe que era para o conhecer melhor. Não houve resposta.  Gostaria de acrescentar que uma criança que não tem prazer em brincar, e que por espontaneidade vontade, não sente o benefício do que é fazer um elo/vínculo para com outra pessoa que manifesta interesse em si, essa criança perde a sua essência.

Mas será ele próprio que não tem interesse em brincar, ou será que lhe retiraram a capacidade de se vincular com alguem, até mesmo dentro de um sitio onde ele se sente seguro em termos físicos, por ex a escola?
Tentei então falar com ele, mas ele limitava-se a responder “Não sei…”.

Qualquer bebé de quatro meses, com um desenvolvimento normal, começa a compreender que o seio da mãe que o alimenta lhe proporciona segurança, que lhe promete uma vida com amor, consegue conceptualizar que esse mesmo seio, é aquele que lhe dá frustração, aquele seio que nem sempre pode estar presente quando ele quer, que projecta nesse seio o mau que há no mundo, e é nesse periodo, em que a frustração é regulada por uma mãe atenta, e assim, começa a ter noção que o seio bom é ao mesmo tempo o seio mau, que a qualidade e a percepção do que é o amor se transforma no psiquismo do bébé, e a ambivalência, se for bem regulada pela mãe, se transforma pouco a pouco em paciência, e o amor, acima de tudo, prevalece.

No caso do João, diagnosticado com Problemas de Comportamento com comorbilidade com Hiperactividade, fica um recluso, um problema, mais um alvo de um plano de comportamento do qual fico responsável por delinear. Ou seja, estamos a ser reactivos ao problema, ao invés de elaborar estratégias práticas de prevenção. Num modo existencial, somos iguais ao João no modo de reagimos.
Se analisarmos a história do João, há sonhos perdidos, amores paternais não correspondidos por idealização e narcisismo paternal, mas no final, o doente é o Joao...

Agora, que a sua coerência cerebral já foi mudelada para a reactividade com poucas possibilidades de apaziguamento cortical, cabe-nos a nós profissionais, transformar um cérebro de uma criança, em que a memória de todo o trauma que não é visto a olho nu, já se estende pelo seu sistema periférico, gravado nas suas celulas, com uma expectativa de perigo séria instalada. 

Por quanto tempo vamos ser reactivos e não estabelecer estratégias familiares de prevenção? Quem mais tarde vai suportar e pagar estas consequências é a sociedade. Por ex. hospitalizações, instituições, consultas, etc.

A minha preocupação, além da infelicidade da criança, é o modo estas crianças são encaradas perante uma sociedade negligente, visto não possuir conhecimento actualizado, e respostas concretas, sobre o problema destas crianças, assim como recursos necessários. Pensarmos que basta arranjar uma vinculação segura (instituição e/ou família), tudo o resto irá correr bem, assim fala a arrogância da ignorância.

Muitos dos casos podem ser resolvidos nos primeiros dois anos de vida, mas quem pensa “Ah, estes problemas de comportamento são normais da idade.” acaba por “assassinar” o desenvolvimento saudável da criança. A criança precisa de acreditar que no futuro consegue ser feliz, que consegue ter relações de qualidade, que aprende a perdoar, e muito mais importante, e o cerne de tudo, consegue amar aquilo que realmente sente. 

E depois negamos toda essa responsabilidade com medicação, não para resolver o problema mas sim para o adormecer e nao nos aborrecer muito.
Mas, e a felicidade da criança?

Dr. Miguel Estrada 
Extracto e traduzido do artigo “What about me?” publicado em 2009 na CAMHS (Child and Adolescente Mental Heath Service), Inglaterra.

Comentario: Os meus agradecimentos ao Dr Miguel Estrada pela sua colaboração no "Mais Vale Prevenir Do Que Remediar". Na minha opinião, a sociedade portuguesa ainda não presta os devidos cuidados às crianças. Algumas crianças vulneráveis são negligenciadas, com a conivência de alguns adultos.  Arrisco a afirmar que, provavelmente, se elas votassem e tivessem participação civica e jurídica nos tribunais, por exemplo se houvesse um tribunal para julgar adultos, a realidade seria diferente. Uma noticia no JN, de 20/10/2011, referia, segundo o presidente do grupo Psiscolas, a orientação do Ministério da Educação, para este anos lectivo quanto à contratação de psicólogos para as escolas, possa significar que um psicólogo tenha de prestar serviço em dois ou três agrupamentos escolares, um rácio de "um técnico para mais de cinco mil alunos". Caso se venha a concretizar esta situação preocupante, recordo a frase do dr Miguel Estrada "Mas, e a felicidade da criança?"


domingo, 16 de outubro de 2011

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ComSUMOS ACADÉMICOS

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

É tudo urgente?


Se é tudo urgente, qual o tempo disponível que dispomos para relaxar, divertir e recuperar as energias positivas? Qual é o modelo de gestão que adoptamos que nos permite usufruir da companhia da família (momentos de intimidade), incluindo os filhos, dos amigos, lazer? Sorrir, conviver com a família e filhos, amigos, ter um sono reparador, ir ao cinema, dar um passeio, alimentação diversificada e saudável, exercício físico.
Hoje o stress é um assunto actual e em destaque, nem é preciso pensar muito sobre isso, basta ligar a televisão e ou comprar o jornal e ficamos em stress, por exemplo o desemprego aumenta, o aumento dos impostos, dos preços das coisas essenciais, da incompetência de alguns políticos dos quais depositamos a confiança para a gestão do país, da falta de oportunidade de realização das ambições pessoais, das dívidas etc.

 Não ter tempo para nada, segundo as nossas expectativas, gera stress. Facilmente, caímos na armadilha de andar a lamentar (queixas) e descontentes pela falta de tempo, do emprego que não satisfaz, do carro, da 2ª feira, do ordenado, da conta bancária, do corpo, do patrão, dos colegas, da crise, da mulher/marido, dos filhos, da conta bancária, da chuva/sol, mas quando estamos de fim-de-semana e ou de férias queixamo-nos porque não temos nada para fazer.

Stress e as Relações. Se é TUDO urgente quando é que estamos disponíveis para amar e ser amados? Sim, porque sendo assim, tudo urgente, um dia até podemos estar disponíveis para amar, mas a/a nossa/o parceiro/a pode não estar porque para ele/a, naquela altura, é TUDO urgente. Adquirimos o sentimento de que somos mal amados. Qual o timming para amar numa relação entre duas pessoas, quando tudo à volta é urgente?

Considero que, na maioria dos casos, adoptamos a máxima do stress “É tudo urgente…” sofremos as consequências ao nível da saúde física, mental e emocional/espiritual, parece que, para sermos indivíduos precisamos de sofrer, todavia, se o sofrimento não possuir um propósito e um sentido construtivo, resiliente e saudável, não se aprende nada. Nada muda, com a agravante de a tolerância ao sofrimento aumentar. Ficamos cristalizados na autopiedade, na vitimização, “mártir”. Evocam-se causas nobres para sofrer, mas na realidade nada muda, na infelicidade, na frustração e o no isolamento. Com tendência para piorar. É tudo urgente, gera mais stress.

Se é tudo urgente, revelamos uma necessidade exagerada em projectar, no futuro, as nossas desilusões, falhanços e desenvolvemos preconceitos e estereótipos em relação aquelas pessoas que pensam e agem de maneira diferente por exemplo marido/mulher, filhos, colega de trabalho, amigos/as. Consequentemente, iremos ficar paralisados e incapazes de criar soluções construtivas, comunicar as nossas necessidades e estar atentas às necessidades dos outros, estabelecer relacionamentos de intimidade com as pessoas significativas, incluindo os nossos filhos. Enquanto permanecermos ansiosos, projectando cenários catastróficos nas nossas mentes, será difícil sentir confiança, auto estima, capacidade crítica e motivação, porque é tudo urgente.

Segundo um estudo publicado na revista Psychological Science, quando as pessoas se sentem mal em relação a elas mesmo, ficam predispostas para criticar e desenvolver preconceitos em relação às pessoas que são distintas. Esta é uma das razões, mais remotas, pela qual criticamos e julgamos (preconceitos e estereótipos) as outras pessoas.

Adopte um modelo de gestão do stress que realmente funcione e seja saudável.
Dicas:
Faça um serio investimento no tempo e energia que dedica ao sono. Durma oito horas e recarregue as baterias positivas e assim contribui para um melhor desempenho da memória, da concentração, da gestão das emoções e gestão dos conflitos.

Faça uma actualização pormenorizada aos seus critérios se pensar que dormir é perda de tempo. Identifica sentimentos de culpa ou embaraço por dormir uma sesta? Se pensar que dormir é sinónimo de preguiça, essas atitudes estão desactualizadas.

Faça exercício físico com regularidade, de preferência integrado num grupo de pessoas. Convide familiares e ou amigos para caminharem.

Alguns factores que só servem para desmotivar. Falta de confiança, falta de ambição, andar sempre a lamentar e descontente daquilo que não tem, não consegue e não faz. Definir objectivos ambíguos e irreais, falta de reconhecimento, não participar no processo de mudança com acções construtivas e responsáveis.

Cultive o hábito de avaliar os seus sentimentos, principalmente, o medo, a raiva e o ressentimento, o sentimento de culpa. Reduza o seu investimento (prioridade) na avaliação dos sentimentos dos outros em detrimento dos seus. Não coloque rótulos em si, em função daquilo que sente Aprenda a distinguir aquilo que são os seus sentimentos daquilo que você é realmente. Não somos aquilo que sentimos, mas aquilo que fazemos com os sentimentos.

Nas situações de stress aprenda a inspirar e a expirar (respirar). Assim estará a fornecer oxigénio ao cérebro, em vez de se privar dele (apneia). Nestas alturas de tensão/esgotamento diga a si mesmo mensagens que auxiliem o relaxamento (mantras) “Calma…vou relaxar”, uma oração e ou outras.

Na prevenção das dependências, não é tudo urgente, antecipasse o imprevisto e o indesejável através de planos concretos, objectivos realistas, competências individuais e sociais (pessoas). Os nossos filhos merecem esse investimento e como pais crescemos junto com eles, em vez de cristalizarmos.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

As competências mais significativas contras as drogas aprendem-se em casa






Sabia que os pais que falam com os filhos sobre as drogas, sabem o que se passa com os filhos e com quem eles se relacionam reduzem as possibilidades de consumirem drogas (Biglan e colegas, 2004)?


Devido às vidas atarefadas, alguns pais, infelizmente, não reconhecem a influência que exercem sobre a vida dos filhos. Como pais, conseguimos fazer a diferença entre aquilo que os nossos filhos pensam e fazem em relação às drogas. Conseguimos, facilmente, estabelecer comunicação com eles, sobre medidas que sirvam para prevenir e/ou adiar o consumo, e, caso se verifique necessário, através de factos concretos, elaborar um plano de acção quando eles estão envolvidos no consumo e/ou consumo problemático (abuso) de drogas.

Um estilo parental altruísta, dinâmico, carismático é suficiente para tratar, gerir e orientar o tema das drogas e o álcool na família. Sabemos que não é fácil, mas assumir um papel activo e assertivo, em vez de agressivo, manipulador ou passivo poderá fazer toda a diferença na vida dos nossos filhos.

No dia-a-dia, utilizamos drogas, tal como acontece com a alimentação, que modificam a maneira de pensar, sentir e agir. Podemos incluir, nesta lista, as drogas utilizadas para fins medicinais e terapêuticos, o álcool, o tabaco e a cafeína. Pertencemos a uma cultura que consome drogas, lícitas, incluindo o álcool e o tabaco, e as ilícitas. No entanto, existe uma preocupação, generalizada pela sociedade, quanto ao fenómeno das drogas ilegais (trafico, consumo, dependência), todavia, acaba por ser irónico, visto que, as drogas que provocam mais danos e representam um risco serio para os jovens são as drogas legais, tais como o álcool, o tabaco e a utilização indevida de medicamentos sujeitos a receita médica. Ao constatarmos esta realidade, sabemos que o processo de desenvolvimento dos jovens consiste em experimentar coisas diferentes e testar os limites e algumas regras impostos pela família, escola, comunidade e sociedade. Tal como aconteceu com os pais durante a sua adolescência, nesse sentido, não nos surpreendemos, se alguns jovens consumirem drogas ilegais. Felizmente, a maioria destes jovens não continuam o consumo regular e a maioria não desenvolve problemas sérios associados às drogas (por ex. dependência). Será mais realista pensar que os jovens permanecem curiosos sobre o efeito das drogas, sejam legais e/ou ilegais, ao invés de negar esse possibilidade.

Como pais, uma das preocupações é descobrir, que um dia, os nossos filhos usam drogas. A primeira reacção pode ser de choque, raiva, culpa, negação e procurar um/a culpado, “Como é possível isto estar a acontecer?! O que andas a fazer à tua vida?” Embora seja normal, este tipo de reacções, também precisamos de pensar e assumir um papel, activo e positivo, no apoio, aos nossos filhos, nos períodos de crise e adversidade, isto é, pode ser drogas como pode ser outro problema qualquer. O problema associado às drogas, é daqueles cenários catastróficos que nunca pensamos possível vir a acontecer. Acreditamos que o problema das drogas, legais e ou ilegais, só acontecem aos outros, às famílias carenciadas e sem recursos, desestruturadas, até ao dia que acordamos para a realidade (pesadelo). Alguns pais pensam “O que é que fiz de errado para isto estar a acontecer?”

Numa situação desta natureza complexa, como pais, é importante ter bem presente e em mente uma ligação privilegiada na comunicação (canal aberto) com os nossos filhos. Será através deste “canal aberto” que iremos manter activo o vínculo que proporcionamos no apoio que considerarmos necessário. Apesar de tudo, somos a referência e representamos o apoio necessário para eles se desenvolverem.

Educação parental e as drogas
Sabia que em relação à educação parental e as drogas os comportamentos (dos pais) funcionam melhor do que as palavras? Como pais e família precisamos de repensar o nosso próprio consumo de álcool, tabaco, medicação e ou outras drogas. Precisamos de estar alerta, conscientes, sobre a possibilidade de os nossos próprios lares/casas serem uma fonte acessível de drogas legais, álcool, tabaco e ou medicação receitada pelo medico. Nesse sentido, é preciso monitorizar o acesso a elas. Recordo vários casos, indivíduos dependentes de substancias psicoactivas licitas e ou ilícitas, que iniciaram os seus consumos com medicação dos seus pais, avós e outros que beberam álcool pela primeira vez, em idade prematura, com o consentimento dos pais.

Sabia que em relação à educação parental e as drogas é necessário existir uma atenção genuína, espontânea e honesta sobre os interesses e as vidas dos nossos filhos, desde crianças? Simples, converse com eles, não faça interrogatórios. Seja um ouvinte activo em relação às motivações, às ideias e ambições dos seus filhos. Durante a conversa com eles pergunte a si mesmo o seguinte “O que é que ele/a está a querer dizer?”

Sabia que em relação à educação parental e as drogas a palavra-chave é Comunicação? Ouvir, sem interromper, as ideias, as opiniões inovadoras e diferentes, mesmo que não concordamos com elas. Desta forma, promovemos uma maior proximidade e entendimento imprescindível (elo), afim de que, os nossos filhos, se sintam à vontade para nos dizer coisas e sobretudo falar em assuntos que nós, pais, não desejamos ouvir da boca deles, mas como pais, precisamos de ouvir. Por vezes, desenvolvemos expectativas irreais em relação ao que gostamos de ouvir dos nossos filhos, essas intenções podem não ser o mais importante. Alguns jovens afirmam “Não falei com os meus pais sobre as drogas porque eles iam castigar, senti medo.” Nós, os adultos, também recuamos perante o medo, nas mais diversas questões do dia-a-dia.

Sabia que em relação à educação parental e as drogas os pais não precisam de ter todas as respostas? Ao longo do desenvolvimento dos nossos filhos, vamos aperfeiçoando as competências na comunicação, todavia podem surgir assuntos mais complicados dos quais precisamos de pedir ajuda. Ao agir desta forma, estamos também a encorajar, os nossos filhos, a pedir ajuda, aos pais e ou a outras pessoas significativas (educadores) quando for necessário.

Sabia que em relação à educação parental e as drogas precisamos de saber responder, o mais honestamente possível, às questões colocadas pelos nossos filhos? Proporcionar-lhes informação actualizada e relevante, mas que eles consigam compreender. Como pai/mãe, educador/a, considera que os seus filhos/pupilos estão à vontade para abordar o assunto das drogas, legais e/ou ilegais?

Falar sobre drogas, tal como outros assuntos importantes, por exemplo o sexo, gestão de conflitos, competências, ambições, os estudos, a alimentação saudável e diversificada faz parte da responsabilidade parental, que ao inicio, pode ser um assunto delicado, mas havendo de ambas as partes, pais e  filhos, a abertura, o compromisso, a disponibilidade, a honestidade, a confiança, a cumplicidade, a intimidade suficiente, a relação entre ambos irá beneficiar através de uma vinculação genuína, resiliente e duradoura. É do senso comum, os filhos contam com o amor, a segurança e a protecção dos pais, para que um dia sigam o rumo das suas vidas (saudáveis), tal como os pais também fizeram. Os pais não são amigos dos filhos, são a família.

Por mais que tentemos ser árbitros perfeitamente calmos, a tarefa de educar acabará por produzir alguns comportamentos estranhos; não estou a referir-me aos miúdos.” Bill Cosby

domingo, 17 de julho de 2011

Actividades que promovem conexões saudaveis

terça-feira, 12 de julho de 2011

Dados sobre Pessoas e as Drogas


No mês de Junho de 2011 foi publicado o Relatório Mundial sobre as Drogas 2011 (World Drugs Report) pelo Secretário-geral das Nações Unidas, o sr. Ban Ki-moon. Aproveito para adicionar também alguns dados do Observatório Europeu das Drogas e Toxicodependência (OEDT), do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) e noticias veiculadas pela comunicação social durante este periodo.

Dados:
“Portugal apresenta os níveis mais altos de Sida entre os dependentes e indivíduos que apresentam uso problemático (abuso) de substâncias psicoactivas.”


“Em termos legais comemora-se 10 anos que se descriminaliza o consumo de drogas em Portugal.”
Em 17 de Junho fez 40 anos que o Presidente dos EUA, Richard Nixon, declarou guerra às drogas. A seguir outros países adoptaram a mesma estratégia. [i]

“A descriminalização não aumentou o consumo, MAS Portugal ainda está à frente no uso problemático (Abuso) de estupefacientes.”

“As pessoas dependentes de substâncias psicoactivas não devem ser descriminadas. Devem receber tratamento e ser acompanhados por pessoal médico especializado e conselheiros. A adicção às drogas é uma doença, não é crime.” Secretário-Geral das Nações Unidas, Sr. Ban Ki-moon

“A produção e abuso de medicamentos opiáceos e novas drogas continuam em escalada.”

“A utilização de medicação, sem prescrição médica, é um problema crescente em alguns países.” [ii]

“210 Milhões de pessoas em todo o Mundo, significa 48% da população entre os 15 e os 64 anos de idade consumiu drogas em 2010.”

“O consumo de cocaína duplicou na Europa movimentando valores que se estimam entre os 30 Mil Milhões de Dólares.”

Segundo o director executivo da agência das Nações Unidas para as Drogas e Criminalidade reconhece progressos, MAS afirma que há mais a fazer para promover comportamentos saudáveis.

“210 Mil pessoas morrem todos os anos devido às drogas.”

“O Relatório Mundial das Drogas (2009) estima que existam 38 milhões de pessoas que abusam (uso problemático) de drogas, somente 4,9 milhões têm acesso a tratamento/apoio médico. “

Segundo o Sr. Wolgang Gotz, director do Observatório Europeu das Drogas e Toxicodependência (OEDT) refere que as estatísticas revelam que um em cada três jovens europeus já experimentou uma droga ilegal e que os jovens se deparam com um número cada vez maior de substâncias psicoactivas.

“O OEDT estima que entre 2% e 2,5% dos jovens adultos consomem cannabis diariamente ou quase diariamente, em especial o sexo masculino. Esta percentagem representa uma grande população em risco e realça a necessidade de compreender melhor as necessidades deste grupo em termos de serviços.”

Estimativas do OEDT do consumo de drogas na Europa, em 2009

“Cannabis: prevalência do consumo ao longo da via pelo menos 74 milhões (22% dos adultos europeus). Consumo no último ano: 22,5 milhões de adultos europeus. Consumo no último mês: 12 milhões de europeus.”

“Cocaína: prevalência do consumo ao longo da vida pelo menos 13 milhões (3,9% dos adultos europeus). Consumo no último ano: 4 milhões de adultos europeus. Consumo no último mês: 1,5 milhões. “

“Ecstasy: prevalência do consumo ao longo da vida pelo menos 10 milhões (3,1% dos adultos europeus). Consumo no último ano: 2,5 milhões. Consumo no último mês: menos de 1 milhão”

“Anfetaminas: prevalência do consumo ao longo da vida pelo menos 12 milhões (3,5%dos adultos europeus). Consumo no último ano: 2 milhões. Consumo no último mês: 1 milhão”

“Opiáceos: Consumidores problemáticos (abuso) estimados em 1,2 e 1,5 milhões de europeus. As mortes induzidas pela droga correspondiam a 4% das mortes de europeus entre os 15 e os 39 anos de idade, tendo sido encontrados opiáceos em cerca de 3 quartos dos casos. Droga principal em mais de 50% do total de pedidos de tratamento para toxicodependentes. Cerca de 650 000 consumidores de opiáceos receberam tratamento de substituição em 2007.”
                                                                            «»
“Entre os jovens, o consumo de múltiplas substâncias pode aumentar o risco de problemas agudos e prenuncia o desenvolvimento posterior de um hábito de consumo crónico de droga. Entre os consumidores de droga regulares e mais velhos, o policonsumo[iii] é um dos principais factores contribuintes para a overdose de droga, além de dificultar o tratamento da toxicodependência e  estar associado à violência e à violação da lei.”

“As drogas ao dispor dos europeus são cada vez mais diversificadas, por exemplo, a inovação na produção de drogas sintéticas e as crescentes preocupações suscitadas pelo abuso de medicamentos sujeitos a receita médica. Além disso, tem-se constatado que um elemento definidor do problema do consumo de substâncias europeu é o uso concomitante de álcool, que pode ser observado em TODAS as faixas etárias.”

“Entre a população escolar, os dados mais recentes revelam uma forte associação entre o consumo excessivo esporádico de álcool e o consumo de droga. Esse consumo excessivo esporádico também está frequentemente ligado ao consumo recreativo de drogas, aumentando risco de consequências negativas entre os jovens adultos.”

“Segundo um relatório do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) revela que entre 2001 (ano da implementação da lei da descriminalização) e 2007 o consumo de estupefacientes registou, em termos absolutos, uma subida de 66%. Nesse período houve um aumento de 215% no consumo de cocaína, 85% de ecstasy, 57,5 de heroína e 37% de cannabis. Desde 2001 houve um aumento de 50% no consumo de drogas, entre os jovens com idades os 20 e os 24 anos. Por outro lado, o número de pessoas que experimentou drogas ilícitas, pelo menos uma vez, subiu 7,8% em 2001 e 12% em 2007.”

“Desde a descriminalização (2001) o número de homicídios relacionados com drogas aumentou 40%. Portugal foi o único país europeu com um aumento significativo de homicídios relacionados com drogas entre 2001 e 2006” (Nações Unidas – World Drug Report Junho 2009)

“Mercado Mundial de Drogas Ilegais. Segundo estudo financiado pela Comissão Europeia, sobre o mercado de drogas ilegais, apresentado em 2009, estima que as vendas atinjam mais de 100 Mil Milhões de Euros.”

"A descriminalização não interfere decisivamente nos consumos de drogas das populações, nem nos problemas colocados à sociedade portuguesa pelos usos e em especial pelos abusos de drogas” Professor Jorge Quintas.

“Segundo o Presidente do IDT estão em tratamento 40 mil pessoas e em estruturas de redução de danos cerca de 15 mil. O fenómeno da toxicodependência está a diminuir, mas isso não significa que o consumo de drogas esteja a decrescer. São dois fenómenos distintos.”  Entrevista ao Correio da Manhã

“Existe um aumento do número de jovens entre os 13 e os 18 anos que já experimentaram LSD, sendo que a maior subida regista-se no grupo etário dos 16 anos, segundo um inquérito preliminar. Em relação a outras drogas, verifica-se uma subida nas experiencias com anfetaminas e com cocaína entre os jovens com 15 e 16 anos e uma descida no consumo de cannabis entre os jovens dos 13 anos 15 anos.” Notícia da TSF

Comentário:
Na sociedade portuguesa, incluindo os órgãos de comunicação social, ainda se caracteriza e define as substancias psicoactivas em duas categorias: As drogas leves e as drogas duras, esta caracterização, em relação ás referidas substâncias, contribui para o preconceito e o mito. Esta terminologia não se aplica em termos médicos. O Observatório Europeu das Drogas e Toxicodependência define as substâncias em quatro categorias: 1. Cannabis 2. Anfetaminas, Ecstasy e substancias alucinogénicas 3. Cocaína, cocaína e crack e 4. Consumo de opiáceos e drogas injectada.

Não acredito que a sociedade portuguesa (políticos, tribunais, médicos, investigação e comunicação social, etc.) possua a maturidade suficiente para aderir à legalização da cannabis. Não basta legalizar, é preciso informar, devidamente, o publico em geral das especificidades desta substancia psicoactiva e as suas consequências. O problema não é as drogas, são as pessoas.

Infelizmente, nestes dados, não consta uma estimativa sobre o número de famílias, incluindo as crianças, afectadas pela Toxicodependência. A família aparenta ser negligenciada visto existir estruturas de apoio aos indivíduos dependentes, mas para as respectivas às famílias, em muitos casos traumatizadas, não. Será que isso significa que a Família não está envolvida no processo de tratamento? Segundo revelam alguns estudos, nos EUA e em Inglaterra, a família deve fazer parte activa do tratamento do dependente, contribuindo assim, para o sucesso da recuperação.

Infelizmente, nestes dados não consta as despesas para o Estado na área da saúde. Seria significativo, o publico em geral, tomar conhecimento sobre o montante aproximado dos gastos. Acrescento, as despesas de tribunais (problemas legais), e problemas de saúde (por exemplo, HIV/SIDA, Hepatite C), problemas no trabalho (por exemplo, o absentismo, acidentes de trabalho e problemas nas equipas).

Também não é publico as despesas sobre a Luta Contra as Drogas. Segundo alguns peritos internacionais afirmam, e corroboro essa afirmação, que a Luta Contra a Droga, nos moldes em que é definida a sua estratégia, é uma guerra contra fantasmas e sem sucesso. Isto é, continua-se a gastar milhares de euros sem que o resultado desse investimento tenha retorno concreto e satisfatório.

Considero que da mesma maneira, que as drogas ilegais, as drogas legais merecem destaque, refiro-me ao abuso (uso problemático) do álcool e ao alcoolismo, em especial aos jovens adultos e em geral aos adultos, famílias, incluindo as crianças, problemas de saúde (hepatites, Cirroses, SIDA/HIV), problemas legais, problemas no trabalho (absentismo). Neste sentido, o numero de indivíduos afectados abuso do alcool e pelo alcoolismo, incluindo as suas famílias e crianças, na nossa sociedade, é um fenómeno negligenciado e negado visto não existirem dados. Convido o leitor a visitar o site Directório do Álcool. Acompanho este site desde a sua inauguração e constato que o seu conteúdo está muito aquém daquilo que é esperado, por exemplo, em termos informativos, na área da investigação e estatísticas afirma estar “funcionalidade em desenvolvimento”. Como é possível, se o alcoolismo é um problema de saúde pública? Pertencemos a uma cultura que bebe. http://www.directorioalcool.com.pt/Paginas/HomePage.aspx

Podemos também acrescentar a utilização de medicação, sem prescrição médica (auto medicação), capaz de gerar dependência crónica (por exemplo, as benzodiazepinas; tranquilizantes, sedativos) problemas de saúde e problemas no trabalho (absentismo). Mais uma vez, não existem dados públicos sobre este flagelo.

Para terminar, gostaria de acrescentar uma questão que afecta principalmente as drogas ilícitas refiro-me às drogas adulteradas. Isto é, a maior parte das drogas comercializadas e consumida, nas ruas, são adicionadas outras substâncias desconhecidas e possivelmente tóxicas.

E os dados sobre o consumo de nicotina? Apesar das medidas restritivas e existirem centros de saúde que disponibilizam apoio à interrupção dos hábitos tabágicos, que visam alertar sobre o perigo em fumar, pouco se sabe sobre o trabalho desenvolvido na dependência, assim como os seus resultados.

Mais Vale Prevenir Do Que Remediar e

 Recuperar É Que Está A Dar. visite o blogue http://recuperarequeestaadar.blogspot.com



[i] Guerra às Drogas Ilegais parece uma batalha perdida e contra fantasmas. Gastam-se, todos os anos, triliões de dólares sem que o resultado desejado seja alcançado, porque a oferta continua a supera a procura. A Industria milionária e poderosa das drogas e os seus parceiros conseguem corromper pessoas, instituições e países (por exemplo o caso mais mediático México, Colômbia, Afeganistão).

[ii] Em Portugal não existem relatórios (investigação) sobre a utilização da medicação sem prescrição médica capaz de gerar dependência crónica. Este flagelo aparenta atingir níveis preocupantes e galopantes visto não ser monitorizado e/ou avaliado pelas autoridades competentes.

[iii] Policonsumo de substancias psicoactivas ilícitas e/ou licitas – Refere-se ao consumo de mais do que uma droga ou tipo de droga pelo mesmo individuo – consumo simultâneo ou sequencial (definido no léxico da Organização Mundial de Saúde – OMS) Por exemplo, um indivíduo pode consumir, abusar (consumo problemático) e ficar dependente (Adicção) à Heroína, Álcool e Tranquilizantes (Benzodiazepinas) ou Cocaína, Tranquilizantes (Benzodiazepinas) e Álcool. Objectivo do indivíduo em relação ao Policonsumo passa por potenciar e/ou regularizar (controlar) o efeito das substâncias ingeridas a fim de obter o efeito desejado (auto medicação).