sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sensibilizar, Alertar e Intervir por Ana Neves


Durante dez meses vivi um grande desafio e uma grande aventura. Estou no último ano do curso de Animador Sociocultural, desenvolvi um projecto final de curso ao qual dei nome “De Que É Que Dependes?”.

Este projecto enquadra-se no tema das dependências químicas e não químicas (uso excessivo de álcool ou drogas e uso excessivo das novas tecnologias), quis trabalhar junto de duas turmas da minha escola, alunos do 1.º ano/10.º ano com idades compreendidas entre os 14 e os 25 anos, de forma a sensibilizá-los e preveni-los para esta problemática social que tanto afecta os jovens de hoje.

             Escolhi a temática das dependências por considerar ser um assunto interessante e que gostaria de abordar de um modo mais aprofundado. O facto de ser um problema social que atinge as camadas da população mais jovem e as futuras gerações, devemos adoptar medidas mais práticas e que mostrem realmente as consequências do uso das dependências químicas e não químicas (uso excessivo de álcool e drogas e uso excessivo das novas tecnologias). Gostava, assim, de intervir nesta problemática através da Animação.

            Acima de tudo quis arriscar. Porque não intervir, como Animadora, num problema social dos dias de hoje? Se um Animador é como um interveniente, porque não? Para mim, a Animação consegue minimizar ou até mesmo resolver uma necessidade, neste caso, alertar para os comportamentos de risco na juventude.

            Realizei actividades no âmbito do debate, troca de conhecimentos e experiências como por exemplo o “Chapéu dos Medos” ou “Diz o que pensas sobre… As dependências!”, experiencias, expressão artística e também duas palestras que esclareceram os alunos e alertaram para os dois tipos de dependência. Porquê duas turmas? Antes de tudo tive que fazer um diagnóstico das necessidades e para isso apliquei inquéritos onde verifiquei que não só haviam mais dúvidas relativamente a esta temática, como também foi possível identificar algum tipo de consumo.

            Trabalhar em conjunto com jovens e acerca das dependências químicas e não químicas foi relativamente interessante e bastante exigente. Não foi um projecto entediante, nem desinteressante e muito menos pouco relevante. A meu ver as duas turmas com que trabalhei, ao realizar quatro actividades, também não o acharam, todas elas não mostraram desinteresse, pelo contrário, mostraram-se disponíveis, activas e abertas ao que iria advir.

            A meu ver, este contributo foi importante para a sensibilização desta temática apesar de considerar que seriam necessárias mais actividades para que o resultado se prolongasse no tempo, ou seja, que os alunos continuassem alertados para esta problemática. Seria necessário mais actividades que envolvessem dinâmicas de grupo, debate e expressão artística, aspectos que verifiquei serem relevantes para os alunos no decorrer das actividades realizadas. Não só seria uma mais-valia para os alunos, mas também para a escola porque iria, sem dúvida, torná-la mais dinâmica e prevenir e sensibilizar cada vez mais a comunidade escolar para os problemas que poderão vir a prejudicar as suas vidas futuras.

            A elaboração deste trabalho final de curso foi bastante importante. Mudou a minha maneira de pensar relativamente aos actos que cometemos e que podem vir a mudar a nossa vida. Mudou a minha maneira de agir com o público-alvo juvenil visto que me tornei próxima do mesmo e passei a conhecer um grupo com que antes nunca tinha trabalhado, por fim, mudou a minha maneira de trabalhar pois passei a ser uma estudante muito mais produtiva, dedicada e empenhada. Em cinco actividades realizadas, penso ter respondido aos objectivos inicialmente traçados: Sensibilizar, Alertar, Intervir.

            Foi muito gratificante ter trabalhado a temática das dependências junto dos jovens e não mudaria nada.

Autora: Ana Neves

Comentário: Nesta sociedade dos adultos cada vez mais consumista e individualista, considero que os jovens têm um papel interventivo na Prevenção das Dependências (Escola, Família, Grupo de Pares, Comunidade, Sociedade). Dedico especial atenção às suas ideias criativas, às suas questões "livres" de preconceitos e estereótipos e à sua motivação na abordagem critica do Mundo dos Adultos, repleto de riscos, mas por outro lado, e felizmente, repleto de oportunidades.  A autora deste trabalho, a Ana Neves, tal como alguns profissionais e instituições envolvidas no terreno, reforça a necessidade de um  maior investimento nesta temática actual e preocupante, derivado à lacuna existente e cujos responsáveis (adultos) aparentam cruzar os braços perante a evidência desastrosa, por exemplo: o insucesso da luta contra as drogas ilícitas, a publicidade e o marketing agressivo da industria poderosa do álcool, vivemos numa cultura que bebe, a inexistência de estudos sobre o binge drinking entre os jovens, campanhas de sensibilização sobre os perigos do abuso do álcool, etc.
Os meus agradecimentos à Ana Neves pela sua participação no Mais Vale Prevenir Do Que Remediar e parabéns pelo seu trabalho. Faço votos que continue a explorar o Mundo dos Adultos, com uma atitude critica e resiliente, na busca de um Propósito de Vida e que consiga contribuir para uma sociedade diferente da actual (crise social). 

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